A gravidez no CrossFit

A atividade física faz parte de um conjunto de ações, que visam melhorar a qualidade de vida das populações. É parte integrante, por assim dizer, dos cuidados primários de saúde, numa rede que se estende desde a sua promoção, sensibilização, prevenção e redução do risco de doenças.

Nós, Crossfit Odivelas, como muito orgulho, somos agentes ativos para a colocação em prática dos benefícios associados à prática da atividade física. Naturalmente que o fazemos de uma forma programada, respeitando a individualidade de cada atleta, bem como os princípios de treino, que são essenciais a um planeamento eficaz. Assim, exceptuando casos clínicos muito complexos, que são comuns a outras tantas modalidades, podemos dizer que, no caso em concreto, CrossFit e gravidez, são completamente proporcionais.

Então, o paradigma muda e a saúde prospera, porque é a única premissa que nos faz sentido, isto é, treinamos as nossas grávidas, para se sentirem fortes e saudáveis. Isto significa que andem aos saltos, penduradas em estruturas e de cabeça para baixo? E que os bebés quando nascem, já vêm apetrechados de enormes quadricípites e antebraços proeminentes, com uma clara predisposição favorável para serem campeões olímpicos? Longe, muito longe de ambas as descrições, obviamente. Existem adaptações que, desde o início da gestação, serão necessárias, mas que não retiram, nem um pedacinho, a essência desta modalidade, portanto, CrossFit não é RX, mas sim a capacidade e a condição temporal das nossas meninas, respeitando as suas alterações morfológicas e fisiológicas, bem como o feedback que nos vão transmitindo.

Coach Bruno e a nossa aluna Susana (continua a fazer o seu treino de forma adaptada no último trimestre)

Os benefícios são muitos. Aliás, os benefícios são todos! Ao treinarmos as diversas capacidades físicas, sobretudo a resistência, a força, a flexibilidade e o equilíbrio, por exemplo, irá ajudar na manutenção da composição corporal das mamãs, minimizar as consequências das alterações posturais inerentes ao aumento do perímetro abdominal, inclusive nas eminentes dores lombo-sacrais, otimizar a ligação mãe-bebé (via placentária), diminuir a frouxidão ligamentar e tendinosa, evitando problemas músculo-esqueléticos, que não podem ser tratados pela via medicamentosa habitual. E, por fim, talvez ainda mais importante do que todas as condicionantes físicas, os fatores psicológicos, que influenciam a saúde mental das gestantes, proporcionando-lhes uma clara melhoria na sua motivação, autoestima e satisfação.

O paradigma que escrevemos acima, baseado no medo, ainda continua presente e associado à atividade/exercício físico durante a gestação, por isso, é necessário quebrar algumas barreiras e informar, partilhar ou sensibilizar, que o risco incide precisamente na ausência da prática de atividade física.

As experiências multiplicam-se e são cada vez mais habituais, num universo (a nossa box) que tem tudo para ser realizado com sucesso, as nossas grávidas estão cada vez mais presentes na nossa arena da felicidade. Pragmatismos à parte, porém necessários, assim é o resultado quando a evidência e o querer se complementam em duas simples palavras: movimento é vida.

Bruno Gonçalves